segunda-feira, 21 de maio de 2018

Necessidades especiais: como conquistar vagas de trabalho

Baixa qualificação dos PCDs e ausência de receptividade nas empresas são os maiores entraves 

Pela legislação, são consideradas portadoras de deficiência pessoas que apresentam perda ou irregularidade em sua estrutura, seja ela psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere incapacidade ou dificuldade para o desempenho de atividades consideradas comuns. Neste quadro, as empresas brasileiras que possuem de 100 a 200 funcionários, devem contratar, no mínimo, 2% de pessoas neste perfil. Acima de mil funcionários, o número sobe para 5%.

Segundo Cezar Antonio Tegon, presidente do Elancers Corporate e CEO do Vagas Online, no mercado há muitas chances para pessoas com deficiências (PCDs), porém há dificuldades diversas para preenchê-las. “Apesar de termos esta lei há 22 anos, ainda há muitas empresas que não cumprem as cotas e recebem multas pesadas", aponta.

Ele comenta que há vários fatores para este cenário como falta de engajamento, preconceito de áreas e gestores que resistem à ideia de gerirem pessoas com deficiência, problemas de acesso às vias públicas e transporte. "Além da dificuldade na adaptação destes profissionais na empresa e o principal motivo, a baixa qualificação dos PCDs”, salienta Tegon.

O recrutador também diz que o número de contratações por empresas que não são obrigadas por lei é ainda menor. “A grande questão é que, infelizmente, as empresas enxergam este tema como um grande desafio a ser vencido. Há necessidade de um trabalho de desmistificação das deficiências e melhor entendimento de como lidar adequadamente com pessoas deste público. Fomos criados para não comentar ou não nos aproximarmos de pessoas deficientes, então essa 'censura' dificulta o acesso da sociedade às informações”, ressalta.

Os portadores de deficiências ainda enfrentam barreiras na conquista de uma vaga. Tegon indica quais são as principais, e como solucionar a questão:

Qualificação: 61% dos deficientes não possuem nem o Ensino Médio completo. Apenas 6,7% possuem curso superior. Este é um dos principais impeditivos do acesso dos deficientes à qualificação.

Oportunidade: As pessoas só são contratadas por empresas que precisam desesperadamente cumprir a cota (dificilmente encontramos uma engajada com a causa). As oportunidades também são mais frequentes para pessoas que tenham deficiências leves, que exijam pouca ou nenhuma adaptação da empresa para recebê-las. Portadores de deficiência física, visual, auditiva e mesmo intelectual encontram poucas vagas de trabalho, infelizmente.

Currículo: Como os deficientes têm baixas oportunidades, dificilmente terão um currículo e experiências anteriores significativas para concorrer no mercado de trabalho, somado ao fato da baixa qualificação.

Continuidade: A continuidade, às vezes, não ocorre por decisão do PCD, em virtude das dificuldades de acesso ou de adaptação à empresa; pode partir da empresa, que não consegue gerir adequadamente aquele recurso em sua estrutura.

Incentivo: Há várias ONGs e empresas privadas que são hoje grandes facilitadoras da introdução e qualificação dos PCDs no mercado de trabalho. As empresas precisam se conscientizar de sua responsabilidade, pela implantação de uma cultura receptiva, informando os colaboradores sobre como conviver adequadamente com este público. Os PCDs também têm aspirações, querem fazer um bom trabalho e obter reconhecimento. E neste ponto, treinamento adequado, estímulo à integração com todas as áreas e criação de um ambiente receptivo e construtivo irão colaborar para esta iniciativa.

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