segunda-feira, 4 de junho de 2018

Crise econômica adia investimentos na carreira

Candidatos a estágios ainda enfrentam dificuldades para conseguir se especializar

Frente ao desemprego, mais pessoas procuram por cursos e especializações. Isso porque, contar com um diferencial no currículo pode ser determinante para driblar a concorrência. No entanto, jovens entre 18 e 24 anos têm tido dificuldades para investir na carreira, conforme estudo feito entre candidatos a estágio nesta faixa etária. 
Segundo dados da Companhia de Estágios, 27% dos estudantes que ainda buscam uma oportunidade de trabalho adiaram, no último ano, os planos de investir no currículo. 

Para Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, o fenômeno é um sinal de alerta, pois a concorrência também está alta no segmento. “Os jovens estão priorizando a busca pelo estágio: identificamos que eles se candidataram mais para este tipo de vaga do que para postos celetistas nos últimos dois anos. Por isso, é natural mais critério na análise do currículo. É fundamental que o estudante busque alternativas para se manter competitivo”, orienta.

A queda na renda dos brasileiros é outro efeito colateral da crise, e o rendimento proveniente exclusivamente do trabalho encolheu. O estudo da recrutadora aponta que 46% dos candidatos a estágio não participam do orçamento familiar e 28% têm os gastos com educação custeados por familiares.

Números
Foram ouvidos 5410 estudantes de todas as regiões do país, a maioria universitários. Dessa parcela, 58% ainda estão fora do mercado de trabalho e buscam, especificamente, uma vaga de estágio; 27% não conseguiram, em 2017, fazer qualquer tipo de investimento na carreira devido à crise; e, pelo mesmo motivo, 43% adiaram os planos de fazer um curso de idiomas ou uma especialização. 
O histórico revela ainda que 30,5% dos entrevistados já apontavam a mesma dificuldade em 2016, ou seja, praticamente um terço dos candidatos a estágio está 'estagnado', sem conseguir investir na carreira há, pelo menos, dois anos.

Otimismo e atitude
Para 60% desses jovens, a falta de oportunidades é o pior reflexo da crise, bem como a maior competitividade entre os candidatos a vagas de estágio (19%). Em vista disso, eles afirmam que adquirir experiência profissional e finalizar os estudos são suas maiores preocupações no momento. Apesar dos resultados negativos, 91% deles se dizem esperançosos e acreditam numa melhora do mercado de trabalho.

Rafael Pinheiro é gerente de recursos humanos, e diz que, por mais que a confiança seja importante para o jovem que concorre a uma vaga de estágio, é essencial que ele não se acomode em relação ao mercado de trabalho. “Nos dois últimos anos, o otimismo do jovem aumentou, mas o número de estudantes que investiram em qualificação não. Embora eles considerem a melhora do currículo como uma preocupação imediata, ainda estão aguardando uma sinalização do mercado para investir na carreira. Mas, os processos seletivos, especialmente estágios, tendem a ficar mais disputados, e como a principal ferramenta do jovem é seu currículo (na falta da experiencia profissional), é fundamental que ele se atualize e faça o possível para ampliar suas habilidades”, conclui.

Voluntariado
Tiago lembra que apostar em qualificação não significa, necessariamente, uma despesa a mais. “Instituições renomadas oferecem oficinas e cursos gratuitos, especialmente no período de férias. A internet também é uma ótima ferramenta; o Ensino à Distância (EaD), por exemplo, tem crescido no Brasil, e isso ajuda a derrubar o preço dos cursos", indica.

Outra saída pouco explorada é o trabalho voluntário. "Nosso levantamento apontou que apenas 9% dos estudantes participaram de ações do tipo no último ano. Hoje, mais empresas estão vendo essa experiência, e a atividade pode contar muitos pontos na hora da seleção, além de, indiscutivelmente, ajudar no desenvolvimento das habilidades do participante”completa o diretor.

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